domingo, abril 01, 2007

Tentando Compreender


Aconteceu nesses dias. Um acidente de carro matando dois jovens com idade entre 16 e 17 anos. Um era meu conhecido.A morte é triste, mas quando morre alguém que está nos bastidores da vida parece que fica mais insuportável aceitar aquilo que está a sua frente. Eu não sei, me perco nesses meus pensamentos.Assim que recebi a notícia meu coração começou a bater forte (e olha que não era nem amiga do menino, apenas conhecida). Mesmo assim tive sintomas de quando eu recebi a notícia do falecimento da minha vó e do meu tio, pessoas que eu era agarrada.Veja, é estranho lidar com a morte. Tive meu primeiro contato em 1998. Vovô morreu em casa. Não entendia porque meu avô estava dormindo sendo que um pequeno grupo de pessoas estava o olhando e com olhares tristes. Como tinha 8 anos aquilo me pareceu cômico, mas ao mesmo tempo triste. Depois me explicaram, "vovô foi para o céu", "vovô virou um anjo". Num passeio de carro poucos meses de sua morte perguntei a minha mãe se vovô ia ser canonizado porque ela disse para mim que agora "vovô se tornara santo". Coisas de criança.Cinco anos depois veio a falecer meu tio. Ele tinha 46 anos e a família toda ficou abalada porque vimos meu tio, o dono de todas as cervejas e todas as festas morrendo aos poucos. Primeiro uma ferida na perna, depois o agravamento da diabete, mais tarde as vistas ficando escurecidas, enfim a morte. Minha vó morreu três anos depois. De tristeza.Desde a morte da minha vó eu lia e debatia bastante sobre a morte. Quando ela se foi, claro que eu fiquei abatida e chorei muito. Mas numa manhã de um sábado de sol após receber a notícia da morte de dois meninos refleti um pouco: afinal, o que é a morte mesmo? O que nos espera além dela? Por que tudo não pode ser de acordo com a lei natural? O que será que pais que perdem os filhos ainda jovens recebem no futuro? Por que nessa família? Por que com pessoas não tão próximas, mas de um jeito "próxima"?Por que choramos tanto quando alguém vai embora? Será que vão embora mesmo? Se a morte é uma passagem para outro plano (e melhor que este), por que ficamos desejando que a pessoa se prenda aqui, sendo que "lá" é melhor que "aqui"?Hoje fui visitar uma pessoa que eu gosto muito. Mantemos uma afinidade familiar. Essa pessoa me mostrou que entre as páginas do seu livro há uma foto de uma senhora sentada num sofá com um sorriso maroto. Era minha avó. "Tem horas que bate uma saudade", a pessoa disse.Meu olho encheu de lágrimas. "Ela poderia estar aqui, agora.", pensei. Mas eu senti que de alguma forma ela estava ali nos guardando. Sei que ela está num lugar muito melhor e que minha atitude de ficar se lamentando toda vez pareceria egoísta.Post incompleto, insideabreak queria contar mais e mais coisas. Boa semana para todos.